quarta-feira, 1 de julho de 2015

A Bíblia, Servet e a Medicina

(A contribuição de Miguel Servet)


Que a Bíblia é milenar, polêmica e que influência milhões de pessoas com todos os tipos de motivações diferentes não é novidade alguma! E como diz um grande teólogo que admiro muito: 

As escrituras quando retiradas do seu contexto original se tornam uma caixa de Pandora!

Segundo a mitologia grega, Pandora foi a primeira mulher criada por Zeus e à ela foi dada um grande jarro que continha todos os males do mundo. Não é nem preciso escrever aqui todas as atrocidades cometidas pela religião e o seu clero devido a descontextualização das escrituras, procurando enfiar nelas as filosofias e interesses próprios, divorciando - se assim da verdadeira revelação do Eterno para com os homens e transformando isso na caixinha de pandora, e assim foi com Miguel Servet, que sofreu na pele os males que escaparam desse "bendita" caixa mas que deixou um importante legado para a medicina e para os estudos bíblicos.

Nascido por volta de 1511 em Villanueva de Sijena (Espanha), Miguel Servet foi Médico, Teólogo e acima de tudo, um homem de fé. Foi seu interesse pelo estudo das escrituras a causa da sua grande contribuição para a medicina, pois ao empenhar - se pela leitura nos idiomas originais da bíblia e em seu contexto original, Servet percebeu que o conceito de espírito empregado aos seres humanos não se tratava de um ser desencarnado que por ocasião da morte possui a capacidade de se desprender do corpo e ir para o céu, inferno, purgatório e etc. Versos que dizem:

...a alma da carne é o sangue (Lev 17:11).

Somente esforça - te para que não comas o sangue, pois o sangue é a vida... (Dt 12:23).

Sendo assim , desisti de acreditar no ser humano, cuja vida não passa de um sopro em suas narinas .(Isaías 2:22)

Escondes a tua face, e eles se pertubam, se retiras o seu alento, perecem e voltam ao seu pó (Salmo 104:29) e tantos outros texto bíblicos que tratam do espírito e alma do ser humano despertaram Servet a estudar o corpo humano na busca desse fôlego e ser o primeiro a descrever corretamente a circulação pulmonar, divulgando posteriormente sua descoberta em seu livro Christianismi Restitutio.

Biblicamente, espírito (Ruach) significa sopro ou fôlego e possui também significados secundários, podendo se referir ao próprio Deus que é espírito, anjos e demônios, mas nunca à almas desencarnadas de seres humanos. Abaixo alguns dos significados:

O fôlego de vida, princípio ativador da vida, poder capacitador de Deus, renovação moral, a palavra de Deus, disposição interna do indivíduo, o ser humano concreto, entimentos e emoções, capacidade mental e volitiva do homem, renascimento espiritual, uma nova criação, o estilo de vida espiritual do homem, poder de vida operante no homem e etc.

A desmistificação de dogmas religiosos promovidas por Miguel Servet o custou sofrer muitas perseguições pela igreja, em 1553 foi condenado pela inquisição francesa por questionar o confuso dogma da trindade, estabelecido nos concílios em épocas muito posteriores aos apóstolos, mas conseguiu fugir, sendo posteriormente encontrado e capturado em Genebra pelo famoso reformador protestante João Calvino. Em 27 de outubro de 1553 Servet foi levado ao morro de Champel, onde foi amarrado em uma estaca com uma coroa de palha polvilhada com enxofre em sua cabeça, uma cópia de seu livro em seus pés e foi queimado vivo. Tentaram até o fim fazer com que ele se retratasse de suas "heresias", mas não conseguiram e  suas última palavras foram:

"Ó Jesus, filho do Eterno Deus, tem compaixão de mim!", e depois de meia hora seu corpo havia sido convertido em cinzas. 


Jonatan Sampaio

Shalom!


3 comentários:

  1. Fiquei curiosa para saber o que ele questionou à respeito da Trindade Santa...

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    1. Servet acreditava em Deus, no seu filho Jesus e também no espírito santo, todavia, discordava do conceito pluralista de Deus composto em três pessoas, contrariando um código que havia na época chamado de código de Justiniano, que legislava contra qualquer um que questionasse isso.

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    2. Em outras palavras: Ele não acreditava no CONCEITO de trindade, creio que ele estava certo.

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