Deus é Deus de vivos e não de mortos!
Comentário sobre
Lucas 20:38
E que os mortos hão de RESSUSCITAR também o mostrou Moisés junto da sarça, quando chama ao Senhor Deus de Abraão, e Deus de Isaque, e Deus de Jacó.
Ora, Deus não é Deus de mortos, mas de vivos; porque para ele vivem todos.
(Lucas 20:37-38)
Quando Jesus afirma que Deus é Deus de vivos e não de mortos,
porque para Ele todos vivem, de maneira alguma estar a afirmar a existência de
almas ou espíritos desencarnados daqueles que estão mortos. Faz – se
necessário, para entender o que Yeshua estava dizendo, observar todo o cenário
e contexto que se passava no diálogo em questão, sendo chave no entendimento do
texto, saber com quem o Mestre debatia, a saber: os Saduceus! Os Saduceus eram
uma facção, seita ou divisão que havia entre os judeus, que dentre outras
coisas, negavam qualquer tipo de vida póstuma a morte, seja o seguimento de uma
alma imortal que sobrevivesse ao corpo na morte ou a ressureição. Na conversa
com Yeshua, sabendo no que ele cria e ensinava, os saduceus o questionam de
forma muito específica, interrogando – o sobre a ressureição e jamais sobre imortalidade
da alma.
Mas os que forem havidos por
dignos de alcançar o mundo vindouro, e a RESSUREIÇÃO
dentre os mortos, nem hão de casar, nem ser dados em casamento. (Lucas 20:35)
Quanto a RESSUREIÇÃO dos mortos, vocês não leram no livro de Moisés, no
relato da sarça, como Deus lhe disse: Eu sou o Deus de Abraão, o Deus de Isaque
e o Deus de Jacó? (Marcos 12:26)
Ao dar a resposta,
Yeshua teve um grande desafio, pois os mesmos enfatizavam muito o pentateuco
para estabelecer suas doutrinas, no entanto os cinco primeiros livros da Bíblia
hebraica não falam explicitamente sobre ressureição, o que fazia com que tal
segmento do judaísmo negasse a ressureição, então, Yeshua ao falar que Deus era
Deus de vivos e não de mortos, estava fazendo uma clara referência a Êxodo 3:16,
para provar a ressureição, pois se Abraão, Isaque e Jacó não fossem
ressuscitar, Deus não teria dito que É Deus deles, mas que ERA o Deus dos
patriarcas.
E que os mortos hão de ressuscitar também
o mostrou Moisés junto da sarça, quando chama ao Senhor Deus de Abraão, e Deus
de Isaque, e Deus de Jacó. (Lucas 20:37)
Vai, e ajunta os anciãos de Israel e
dize-lhes: O Senhor Deus de vossos pais, O Deus de Abraão, de Isaque e de Jacó,
me apareceu, dizendo: Certamente vos tenho visitado e visto o que vos é feito
no Egito. (Êxodo 3:16)
Ora, Yeshua era versado na torah e soube
refutar com maestria a negação sobre a ressureição por parte daqueles que o
tentavam apanhar em alguma palavra. Diante de todo esse ambiente, fica claro que
Jesus, não estava afirmando a existência de espíritos conscientes separados do
corpo no céu, ao maior estilo kardecista e espírita, mas defendendo a promessa
da ressureição, em outras palavras, o Senhor se revelou à Moisés, mostrando –
se como o Senhor do projeto, o Senhor das promessas e de um plano especial para
os Israelitas, a história ainda estava viva e o plano de libertação ainda se
mantinha! Eu sou a ressureição e a vida, aquele que crê em mim, ainda que
esteja morto VIVERÁ (João 11:25). Isso mesmo, VIVERÁ, no futuro, com a
ressureição e não estando morto e vivendo ao mesmo tempo! Na continuação do verso,
quando ele diz: pois para Ele todos vivem, está simplesmente tratando da
condição atemporal do ETERNO, não sujeito ao tempo como os homens e também
afirmando propósitos já estabelecidos. Vejamos o que foi dito ao profeta
Jeremias:
Antes que te formasse no ventre te conheci,
e antes que saísses da madre, te santifiquei. Às nações te dei por profeta
(Jeremias 1:5).
Veja, o profeta Jeremias nem sequer
existia, não estava nem no ventre de sua mãe, mas para o ETERNO, ele já
“vivia”! Obviamente que aqui ele não estava falando da ressureição do profeta,
muito embora, que ele também irá ressuscitar, mas fica claro que Deus não está
preso ao nosso tempo cronológico, e como já dito anteriormente neste mesmo
artigo, o Senhor se revela como o Senhor dos planos e promessas. O mesmo acontece
em Hebreus 11:16, onde, o autor ao falar dos heróis da fé que morreram, sem
terem recebido a promessa, diz que Deus não se envergonhou de se chamar seu Deus,
porque já lhes preparou uma cidade, mesmo estando mortos e não tendo alcançado
a promessa, fazendo uma límpida e cristalina referência a ressureição!
Todos estes morreram na fé, sem terem recebido as promessas; mas vendo-as de longe, e crendo-as e abraçando-as, confessaram que eram estrangeiros e peregrinos na terra. Porque, os que isto dizem, claramente mostram que buscam uma pátria. E se, na verdade, se lembrassem daquela de onde haviam saído, teriam oportunidade de tornar. Mas agora desejam uma melhor, isto é, a celestial. Por isso também Deus não se envergonha deles, de se chamar seu Deus, porque já lhes preparou uma cidade. (Hebreus 11:13-16)
A Ressureição e a
crença pagã de almas e espíritos que já estão no céu conscientes, herdada da
filosofia grega e não dos Hebreus (incluindo ai Jesus e os apóstolos) são
doutrinas antagônicas, auto excludentes! Certos textos, tratados de forma
isolada e descontextualizada do sentido original das crenças e ensinos das escrituras,
de Jesus e os apóstolos, podem aparentemente dar a entender que o homem
sobrevive consciente após a morte, mas uma análise mais minuciosa desfaz tais
mitos e mal entendidos sobre o ensino bíblico! Ressureição é a verdadeira
crença cristã herdada de Yeshua e os seus discípulos e não se trata de uma mera
vivificação de um cadáver, mas da pessoa como um todo! Shalom!