terça-feira, 14 de abril de 2015


O Apóstolo Paulo refuta a doutrina da Imortalidade da Alma
(Cris Molulo)

Uma das maiores declarações bíblicas que contrariam a ilusão da imortalidade da alma é o que o apóstolo Paulo escreve em 1ª Coríntios, no capítulo 15. Como veremos a seguir, o capítulo inteiro é uma refutação à doutrina de que a alma imortal se religa ao corpo por ocasião da ressurreição. Ele mostra que a ressurreição, longe de ser apenas uma religação entre corpo e alma, é o único meio pelo qual podemos viver em alguma existência futura, numa vida póstuma.
Para os imortalistas, se nenhuma ressurreição existisse nós já estaríamos assegurados no Céu de qualquer jeito com as nossas almas imortais, e a existência da ressurreição apenas implicaria em almas voltando do Paraíso e se religando ao nosso corpo morto, para depois retornarem novamente ao Céu “completos”. Tal conceito é totalmente estranho à Bíblia e inconsistente com a teologia paulina, inclusive o ensino de que moraremos no céu algum dia (veja dois artigos sobre o céu clicando aqui). Na visão dualista, se a ressurreição não existisse nós ficaríamos como espíritos desencarnados durante toda a eternidade.
Já para a Bíblia, que não atesta para a existência de um “estado intermediário das almas”, se a ressurreição do último dia não existisse então estaríamos todos perdidos, mortos no pó da terra sem mais nenhuma esperança. A pergunta que fica é: qual seria a posição do apóstolo Paulo sobre o assunto? Seria ele favorável a uma religação do corpo com a alma, sendo a ressurreição um mero detalhe desnecessário, ou seria ele favorável ao fato de que não existe vida entre a morte e a ressurreição? Paulo nos responde a esta questão em um longo capítulo de sua primeira epístola aos Coríntios. E é exatamente isso o que analisaremos a partir de agora.
1 Coríntios 15
12 Ora, se é corrente pregar-se que Cristo ressuscitou dentre os mortos, como, pois, afirmam alguns dentre vós que não há ressurreição de mortos?
13 E, se não há ressurreição de mortos, então Cristo não ressuscitou.
14 E, se Cristo não ressuscitou, é vã a nossa pregação, e vã, a vossa fé;
15 e somos tidos por falsas testemunhas de Deus, porque temos asseverado contra Deus que ele ressuscitou a Cristo, ao qual ele não ressuscitou, se é certo que os mortos não ressuscitam.
16 Porque, se os mortos não ressuscitam, também Cristo não ressuscitou.
17 E, se Cristo não ressuscitou, é vã a vossa fé, e ainda permaneceis nos vossos pecados.
18 E ainda mais: os que dormiram em Cristo pereceram.
19 Se a nossa esperança em Cristo se limita apenas a esta vida, somos os mais infelizes de todos os homens.
20 Mas, de fato, Cristo ressuscitou dentre os mortos, sendo ele as primícias dos que dormem.
21 Porque assim como a morte veio por um homem, também a ressurreição dos mortos veio por um homem.
22 Porque, assim como todos morrem em Adão, assim também todos serão vivificados em Cristo.
23 Mas cada um por sua ordem: Cristo as primícias, depois os que são de Cristo, na sua vinda.
24 Depois virá o fim, quando tiver entregado o reino a Deus, ao Pai, e quando houver aniquilado todo o império, e toda a potestade e força.
25 Porque convém que reine até que haja posto a todos os inimigos debaixo de seus pés.
26 Ora, o último inimigo que há de ser aniquilado é a morte.
27 Porque todas as coisas sujeitou debaixo de seus pés. Mas, quando diz que todas as coisas lhe estão sujeitas, claro está que se excetua aquele que lhe sujeitou todas as coisas.
28 E, quando todas as coisas lhe estiverem sujeitas, então também o mesmo Filho se sujeitará àquele que todas as coisas lhe sujeitou, para que Deus seja tudo em todos.
29 Doutra maneira, que farão os que se batizam pelos mortos, se absolutamente os mortos não ressuscitam? Por que se batizam eles então pelos mortos?
30 Por que estamos nós também a toda a hora em perigo?
31 Eu protesto que cada dia morro, gloriando-me em vós, irmãos, por Cristo Jesus nosso Senhor.
32 Se, como homem, lutei em Éfeso com feras, que me aproveita isso? Se os mortos não ressuscitam, comamos e bebamos, que amanhã morreremos.

Fiz questão de passar todo o contexto para analisarmos as várias implicações para o que é dito 
acima pelo apóstolo Paulo. Vemos que alguns cristãos da igreja de Corinto estavam dizendo que a ressurreição não iria acontecer. Paulo, então, primeiramente mostra as consequências disso, depois mostra o que aconteceria caso a ressurreição não existisse, em seguida confirma que, de fato, a ressurreição irá acontecer como algo futuro, mostra os tempos em que ela se cumprirá e termina o capítulo mostrando o que ele faria caso não ocorresse a ressurreição dos mortos.

O capítulo inteiro, que vai até o verso 58, é uma verdadeira aula sobre a ressurreição dos mortos. Se houve um ótimo momento para Paulo afirmar a sua doutrina da imortalidade da alma, com a menção das nossas almas imortais “no Céu” ou de religação de corpo e alma por ocasião dessa ressurreição, aí estava uma ótima oportunidade! Contudo, vemos que as implicações do que é acima exposto é muito, mas muito diferente daquilo que imaginam os imortalistas.
Em primeiro lugar, se existisse uma imortalidade da alma, os que “dormem”, na opinião destes, estariam como almas incorpóreas no Céu. Contudo, Paulo diz que, se não há a ressurreição, então os mortos já teriam perecido (eles não ficariam “desincorporados pela eternidade”, pelo contrário, estariam todos mortos!). O original grego traz a palavra apôlonto neste verso 18, que, de acordo com a Concordância de Strong significa: “perecer, estar perdido, arruinado, destruído” (622). Todos esses significados dão a mesma dimensão de implicação: para Paulo, os mortos estariam agora perdidos, ou totalmente destruídos, arruinados, se não fosse pela ressurreição dos mortos.
O problema para os imortalistas reside precisamente no fato de que, na teologia deles, os que morreram em Cristo estariam neste momento “no Céu”, e continuariam lá da mesma forma se não ocorresse a ressurreição, com o único detalhe de que viveriam para sempre em forma incorpórea. Então, como é que, conforme ICo 15.18, eles poderiam estar perdidos, arruinados ou destruídos se não fosse pela ressurreição? Simplesmente não faz sentido.
Estar na presença Divina (no céu, como eles acreditam), ainda que em estado incorpóreo pré-
ressurreto, deveria ser motivo de regozijo, alegria e exultação, e não de estar “perdido” ou de já ter “perecido”. Esses versos, de fato, só tem sentido se Paulo cresse que não existe vida entre a morte e a ressurreição, e que é a ressurreição que traz uma pessoa de volta à existência. Desta forma, dizer que se não fosse por essa ressurreição os que morreram em Cristo já pereceram ou estão perdidos faz todo o sentido, uma vez sendo que não haveria ressurreição para voltarem herdarem uma vida eterna póstuma.

Esta é uma das consequências fatais em caso de a alegação infundamentada dos Coríntios de que a ressurreição não existe fosse verdadeira. Aqueles que aguardam a ressurreição dentre os mortos a fim de ganhar vida nesta ocasião não ganhariam vida nenhuma – estariam destruídos – sem vida, para sempre, sem esperança (v.18,19,30,32). Não estariam desfrutando as bênçãos paradisíacas na presença divina por toda a eternidade desprovidos de corpos. O que Paulo estava dizendo era que, se a ressurreição não existe, então os mortos já pereceram. Em outras palavras, se não fosse pelo “fator ressurreição”, coitados – já teriam perecido! De jeito nenhum que estariam com as suas “almas imortais” desencarnados para todo o sempre!
Além disso, no verso 19 o apóstolo continua batendo firme nessa mesma linha, afirmando que se não há a ressurreição [de um simples corpo morto(?)], então a nossa esperança se limitaria apenas a esta vida, razão dele escrever no verso seguinte, seguindo a mesma lógica: “Se a nossa esperança em Cristo se limita apenas a esta vida, somos os mais infelizes de todos os homens” (cf. 1Co.15:19). Ora, mas as nossas almas já não estariam à presença divina, incorpóreas porém conscientes, na outra vida?
A ressurreição de um simples corpo morto não seria um mero detalhe? Por que a nossa esperança se limitaria apenas para esta presente vida se nós ficaríamos a eternidade inteira lá no Céu do mesmo jeito, só que sem corpo? É evidente que, para o apóstolo Paulo, a vida é somente a partir da ressurreição, e, portanto, já teriam perecido os que dormiram em Cristo caso ela não fosse uma realidade, e não existiria uma vida póstuma nem como “almas” nem como “espíritos”. A nossa esperança limitar-se-ia apenas e tão-somente a esta presente vida.
Uma “saída” encontrada por alguma parte dos defensores do estado intermediário é que Paulo 
referia-se somente ao versículo anterior: “Se Cristo não ressuscitou, é vã a vossa fé, e ainda permaneceis nos vossos pecados” (v.17). Contudo, se contextualizarmos a passagem, veremos que o apóstolo está relatando uma série de conseqüências em caso que a ressurreição não existisse, das quais uma delas é a de que nem o próprio Cristo teria se levantado do túmulo, outra delas é que a nossa fé seria vã, outra delas é que os apóstolos seriam tidos como falsas testemunhas de Cristo, outra delas seria que os que dormiram em Cristo já teriam perecido, outra delas é que a nossa esperança se limitaria apenas a esta vida, e assim por diante, como podemos constatar por todo o contexto:

a) Alguns corintos estavam dizendo que a ressurreição não existia.
b) Paulo diz que, se a ressurreição não existe, então Jesus também não ressuscitou, e nós continuamos mortos em nossos pecados.
c) “E ainda mais” (ou seja, ele estava enumerando um outro ponto), se a ressurreição não existe, estão os que dormiram em Cristo já pereceram.
d) Se a ressurreição não existe, então conforme o verso 19 a nossa esperança seria apenas para esta vida (em outras palavras, não existiria uma “vida póstuma”!)
e) Mas, de fato, Cristo ressuscitou como primícia daqueles que dormem, e por isso vivificará todos os mortos na sua segunda vinda (v.23)
f) O último inimigo a ser vencido é a morte.
g) Se não há ressurreição, então Paulo lutou com feras em Éfeso à toa.
h) Se não há ressurreição, então seria melhor “comer, beber, e depois morrer”.
Como vemos, alguns de Corinto estavam duvidando da existência da ressurreição, e Paulo lhes apresenta uma série de conclusões que naturalmente se extrairiam desta falsa alegação. Se os mortos não ressuscitam, logo (1) nem sequer Cristo ressuscitou (v.13); (2) é vazia a nossa pregação (v.14); (3) é vã a nossa fé (v.14); (4) somos falsas testemunhas de que Cristo foi ressuscitado (v.15); (5) ainda estamos nos nossos pecados (v.17); (6) ainda estamos na condenação do pecado (v.17); (7) também os que dormiram em Cristo já pereceram (v.18); (8) a nossa esperança seria somente para esta vida (v.19); (9) somos os mais dignos de compaixão (v.19); (10) sofremos adversidades à toa (v.30); (11) o melhor a fazer seria viver a vida hedonisticamente (v.32).
Principalmente as conclusões de Paulo de número 7 a 11 nos mostram claramente que, sem a ressurreição, nem existiria mais nenhuma vida póstuma. Perceba ainda que em nenhum dos argumentos Paulo fala de que “os que morreram não estariam com Cristo agora mesmo”; ou que eles “não estariam na glória”; tampouco fala ele sobre “religação de corpo com alma”. Se Paulo fosse imortalista, não diria que sem ressurreição os que morreram em Cristo já teriam perecido e que a nossa esperança se limitaria apenas a esta vida, teria dito que neste caso os que morreram em Cristo iriam direto à presença divina e que continuariam como espíritos incorpóreos para sempre.
Isso nos mostra que, na visão paulina, não existia nenhuma forma de vida racional entre a morte e a ressurreição. Por isso, se não existisse ressurreição, seria o fim de tudo (cf. 1Co.15:18,19; 15:30,32). Vale a pena lembrar também que, se existisse uma alma imortal em nós, então o fato de Cristo ter ou não ressuscitado nos garantiria de qualquer jeito uma vida póstuma por meio dela, ainda mais quando de acordo com a teologia imortalista os que morreram antes de Cristo já estariam com vida em algum lugar e, portanto, não poderiam ter “perecido” como mostra o verso 18, e já obteriam uma vida póstuma contrariando o que indica o verso 19.
Para os imortalistas, os justos que morreram antes da ressurreição de Cristo já tinham suas almas conduzidas ao Céu ou ao Seio de Abraão, a um lugar de paz e descanso, e, portanto, o fato de Cristo ter ressuscitado ou não seria elementar, pois vida póstuma antes da ressurreição aconteceria de qualquer jeito. Neste caso, Paulo também não teria dito que os mortos sem a ressurreição de Cristo já teriam perecido ou estariam perdidos, mas teria dito que ficariam para sempre no Céu ou no Sheol (o que não deixaria de ser um prêmio, ao invés de uma perdição, como ele diz claramente no verso 18).
Ainda, seria errôneo afirmar que nossa esperança se limitaria apenas a esta presente vida (v.19), já que, com ou sem a existência da nossa ressurreição ou da ressurreição de Cristo, os mortos teriam sim uma vida póstuma, quando a suposta alma imortal se desligaria do corpo após a morte, o que, segundo eles, já estava acontecendo desde o início da humanidade, antes mesmo da ressurreição de Jesus ou da ressurreição geral dos demais mortos. Portanto, não existem escapatórias à luz da clareza da linguagem de Paulo neste capítulo sobre a ressurreição, que todo ele é uma negativa enfática à possibilidade de vida consciente antes da ressurreição dos mortos.
Ele nega inteiramente que qualquer crente em qualquer era já pudesse estar com vida antes da ressurreição. Os versos mostrados deixam bem claro que, na visão de Paulo, a vida era somente a partir da ressurreição, e não antes da ressurreição em um estado intermediário, como dizem os imortalistas. Evidentemente as únicas exceções a isso são os que não passaram pela morte, como é o caso de Elias e Enoque e, portanto, não necessitam de uma ressurreição, pois foram transladados vivos.
Mais algumas observações podem ser feitas à luz de todo o capítulo de 1ª Coríntios 15. O último inimigo a ser vencido é a morte, que diante do contexto será vencida em função da ressurreição, e não de uma alma imortal que vence a morte sendo liberta do corpo por ocasião do falecimento. A morte não é tratada na Bíblia como sendo uma amiga, mas como uma inimiga, como o último inimigo a ser vencido, que será destruído somente pela ressurreição. Como bem destacou Oscar Cullman:
“Somente aquele que discerne com os primitivos cristãos o horror da morte, que leva a morte a sério como ela é, pode compreender a exultação da celebração da comunidade cristã primitiva e entender que o pensamento de todo o Novo Testamento é governado pela crença na ressurreição. A crença na imortalidade da alma não é a crença num evento revolucionário. Imortalidade é, na verdade, só uma afirmação negativa: a alma não morre, mas simplesmente continua viva. Ressurreição é uma afirmação positiva: todo homem, que morreu de fato, é chamado de volta à vida por um novo ato criativo de Deus. Algo aconteceu – um milagre de criação! Pois algo também tinha ocorrido anteriormente, algo temível: a vida criada por Deus havia sido destruída”[1]
Se após a morte física nossa alma sobrevivesse e fosse direto à presença divina (para o céu, como eles ensinam), a morte teria sido vencida pela imortalidade da alma, e não somente pela ressurreição, no final de todas as coisas, como nos diz João, no Apocalipse (cf. Ap.20:14). E, por fim, Paulo diz que, se não há ressurreição, então ele lutou com feras em Éfeso à toa (v.32). Mas como seria “à toa” caso ele fosse para o Paraíso do mesmo jeito só que desincorporado? Por que ele diz que não se aproveitaria nada disso, “se os mortos não ressuscitam”? Não valeria a pena caso estivéssemos com nossa alma durante toda a eternidade no Paraíso do mesmo jeito?
Como vemos, para Paulo o Cristianismo só valeria a pena de ser vivido caso existisse a ressurreição, pois sem ela a nossa luta diária seria inútil, seria em vão. É óbvio que Paulo não imaginava que se pudesse estar na presença divida (no céu, como eles ensinam) como espírito incorpóreo antes da ressurreição. E isso fica ainda mais nítido com o verso seguinte, onde ele diz:
“Se os mortos não ressuscitam, então comamos e bebamos, que amanhã morreremos” (v.32)
Segundo o apóstolo, a melhor opção seria aproveitar hedonisticamente esta vida, “comendo e bebendo e depois morrendo”. Qual a razão para Paulo falar deste jeito? Simplesmente porque se a ressurreição não existe então também não existiria nenhuma vida póstuma. Seria o “morrer e acabou”. Para sempre. A melhor opção, então, seria “comer e beber, e depois morrer”! Clarissimamente o que se segue à morte não é um “estado intermediário das almas”, mas sim a ressurreição na volta de Cristo (v.22,23).
Sem a realidade da ressurreição, não há nenhuma esperança de vida eterna. Também é importante analisarmos o verso 30: “E por que também nós nos expomos a perigos a toda hora? Dia após dia morro!” (v.30). Para Paulo, não fosse a ressurreição dos mortos, nem valia a pena viver, porque a morte seria o fim de tudo. Por isso, o melhor a fazer seria viver hedonisticamente esta vida (v.32), pois não existiria uma vida póstuma (v.19), e ele estaria exposto a perigos sem razão lógica nenhuma (v.30)! Citando de exemplo uma prática existente entre os pagãos, Paulo diz:
“Se não há ressurreição, que farão aqueles que se batizam pelos mortos? Se absolutamente os mortos não ressuscitam, por que se batizam por eles?” (1ª Coríntios 15:29)
Paulo usa o exemplo “deles” (os pagãos), que tinham o costume de batizar em favor dos mortos, por causa da esperança deles na ressurreição. Ele não estava aqui afirmando algo que ele acredita, mas sendo irônico. Tipo, se os mortos não ressuscitam, então este batismo que era feito em favor deles seria simplesmente inútil, uma perda de tempo. Difícil imaginar isso no caso de que as almas já estivessem em algum lugar após a morte, pois, neste caso, tal batismo dos pagãos pelos mortos teria efeito com ou sem a ressurreição acontecer!
Se não há ressurreição, não há vida póstuma
Mas, na teologia bíblica, este verso faz total sentido. Afinal, se não há ressurreição, não há vida 
póstuma, já que a vida póstuma se inicia na ressurreição. E, se não há vida póstuma, não há razão de se batizar pelos mortos. Aqueles que batizavam pelos mortos não faziam isso por crer na imortalidade da alma, mas por crer na ressurreição. Eles tinham a esperança de que aqueles que já morreram iriam um dia retornar à vida por meio de uma ressurreição dentre os mortos, e, com essa esperança, batizavam em favor deles (ensino pagão). Mas, se não há ressurreição, não há retorno à vida, não há retorno à existência – por isso a inutilidade de tal batismo (é inútil de qualquer jeito)! Portanto, até mesmo quando Paulo faz uso do exemplo do convívio dos pagãos, mesmo assim há a clara menção de que é só por meio da ressurreição, e não antes dela, que alcançamos a vida.

Claramente Paulo não imaginava de jeito nenhum que sem a ressurreição os que já morreram viveriam eternamente do mesmo jeito por meio de uma alma imortal. O contexto todo faz com que qualquer pessoa com um mínimo de bom senso abandone completamente na mesma hora a heresia de que “morremos e vamos com as nossas almas imortais para o Céu, e a ressurreição é de um simples corpo morto que se religa às nossas almas no Paraíso por ocasião da ressurreição que acontece na segunda vinda de Cristo”.
A coisa mais absurda que algum imortalista diria é que sem a ressurreição o melhor que temos a fazer é viver hedonisticamente sem mais nenhuma esperança, porque para eles a vida seria eterna do mesmo jeito por meio de uma alma imortal em nós implantada. A ressurreição, sendo ou não sendo uma realidade, não impediria a vida após a morte. Seria um mero detalhe sem muita importância, pois nós viveríamos eternamente, seríamos julgados e todas as demais coisas seriam feitas sem corpo. Isso é claramente negado pelas palavras do apóstolo Paulo.
A verdade é que a própria esperança de vida eterna ou imortalidade teria perecido em caso que a ressurreição na volta de Cristo não existisse (cf. 1Co.15:18,19,30,32), o que nos mostra claramente que a esperança cristã não é a de eternidade por meio de uma alma imortal implantada em nós por ocasião do nascimento, mas sim de uma imortalidade mediante a ressurreição dos mortos, o foco de todo o capítulo (cf. 1Cor.15); aliás, de todo o Novo Testamento. É apenas pela ressurreição, por meio da ressurreição e na ressurreição que obteremos a imortalidade. Paulo nega em absoluto a existência de vida póstuma senão por ocasião da ressurreição dentre os mortos, a nossa esperança.
Do início ao fim, o apóstolo segue a linha de pensamento holista. Sendo que não existe uma “alma imortal”, então não existe uma vida “com almas” antes da ressurreição. Por isso, se essa ressurreição não existe, então os que dormem em Cristo já teriam perecido. Por isso, a nossa esperança se limitaria apenas a esta presente vida. Por isso, Paulo teria lutado com feras em Éfeso totalmente à toa, pois não existiria uma vida póstuma. Então, o melhor a fazer caso os mortos não ressuscitassem seria “comer, beber e depois morrer”. Seria o fim. Não fosse pelo fator ressurreição, a morte que cada indivíduo passa seria o fim de sua existência.
É óbvio que Paulo não tinha a mínima noção de que a ressurreição se limitava a um simples corpo mortal que se religaria ao nosso “verdadeiro eu”, as nossas almas imortais que já estariam no Paraíso em uma existência contínua. Qual nada, se não fosse pela ressurreição, já teriam perecido. Mas, de fato, Paulo traz uma esperança. Essa é a mesma esperança que os apóstolos alimentavam tanto: a esperança da ressurreição dentre os mortos, no último dia.
Paulo dá um motivo de esperança e de alegria aos coríntios, que não se baseava na ilusão pagã de que as nossas almas imortais já estariam no Céu, mas sim no dia em que todos os que estão literalmente mortos seriam vivificados. E essa esperança é apresentada nos versos 22 e 23 de maneira mais clara: “Porque, assim como todos morrem em Adão, assim também todos serão vivificados em Cristo. Mas cada um por sua ordem: Cristo as primícias, depois os que são de Cristo, na sua vinda”.
Em Adão todos morremos, literalmente, pois Adão desobedeceu as ordens de Deus, tornando-se mortal, sendo enganado pela mentira de Satanás de que certamente não morreria (cf. Gn.3:4). Porém, a esperança é de que, em Cristo Jesus, todos serão vivificados. De acordo com o dicionário, “vivificar” significa exatamente “Dar vida a; fazer existir”. Os mortos voltarão à vida na ressurreição do último dia, na gloriosa volta do Nosso Senhor Jesus Cristo.
Curioso é notar que, enquanto por todo o capítulo o apóstolo lista uma série de fatos trágicos que seriam realidade na hipótese de não existir ressurreição, ele por fim cita as boas-novas, falando sobre o meio pelo qual podemos ganhar vida novamente no futuro, onde em momento nenhum é mencionado que seja através de uma alma imortal imediatamente após a morte, mas sim por meio da ressurreição dos mortos, quando seremos vivificados na segunda vinda de Cristo (cf. 1Co.15:22,23).
Não é a toa que Paulo passou algumas epístolas falando capítulos inteiros sobre a ressurreição, como em 1ª Coríntios 15, o único capítulo na Bíblia completamente elaborado à ressurreição dos mortos, mas não há referência nenhuma à religação dos corpos ressurretos a almas deixando o Céu, o inferno ou o purgatório. Como Paulo poderia ter se esquecido do ponto mais fundamental da doutrina da ressurreição, no ponto de vista dualista?
Certamente os teólogos imortalistas do século XXI com as suas doutrinas dualistas iriam dar uma “aula teológica” para o apóstolo Paulo aprender a falar de algo tão importante na doutrina da ressurreição! Não seria estranho que Paulo deixasse de mencionar isso inteiramente em sua discussão acerca daquilo que acontece na ressurreição? Afinal, tal conceito é de fundamental importância a fim de compreendermos o que se dá por ocasião da ressurreição. Se Paulo fosse imortalista, certamente não deixaria de mencionar um “fato” tão importância dentre os acontecimentos que sobrevêm na ressurreição!
E olha que Paulo não poupou palavras sobre o tema. Disse sobre as consequências da ressurreição (v.19,20), disse sobre as testemunhas da ressurreição (v.4,5), disse sobre o seu próprio testemunho (v.8), disse sobre a ressurreição de Cristo (v.13), disse sobre quando seremos vivificados (v.22,23), disse sobre o inimigo da ressurreição (v.26), disse com que tipo de corpos virão (v.36-39), disse sobre os corpos celestes e os corpos terrestres (v.40), disse sobre o corpo semeado e o corpo ressurreto (v.v.42-44), disse sobre a imagem do homem terreno e celestial (v.47,48), disse sobre quando seremos imortais (v.53), disse sobre quando seremos incorruptíveis (v.51-54), disse sobre quando a morte é tragada (v.54,55). .. mas sobre a religação de corpos ressurretos com almas incorpóreas, um dos principais pontos e focos da doutrina da imortalidade da alma no contexto da ressurreição… nada!
Mais do que isso, ele acentua o momento em que realmente atingiremos a imortalidade:
“Eis que eu lhes digo um mistério: Nem todos dormiremos, mas todos seremos transformados, num momento, num abrir e fechar de olhos, ao som da última trombeta. Pois a trombeta soará, os mortos ressuscitarão incorruptíveis e nós seremos transformados. Pois é necessário que aquilo que é corruptível se revista de incorruptibilidade, e aquilo que é mortal, se revista de imortalidade. Quando, porém, o que é corruptível se revestir de incorruptibilidade, e o que é mortal, de imortalidade, então se cumprirá a palavra que está escrita: A morte foi destruída pela vitória” (cf. 1Co.15:51-54)
Como vemos, a imortalidade não é algo que nós já possuímos (supostamente na forma de uma alma imortal dentro de nosso ser), mas sim algo pelo qual nos revestiremos, no futuro. E quando? Na ressurreição dos mortos.
Artigo extraído de: http://www.evangelhoperdido.com.br/o-apostolo-paulo-refuta-a-doutrina-da-imortalidade-da-alma/

6 comentários:

  1. Em Gênesis 2 Deus soprou nas narinas do ser humano é o ser passou a ser uma alma vivente. Isso foi criação ou ressurreição? No futuro os corpos sem vida igual a Adão recebem o fôlego de vida e isso é exatamente o mesmo processo de criação. Em 1 Tessalonicenses 4 os corpos que ressucitarão estarão mortos e receberão o fôlego de vida tal processo é igualzinho ao que Deus fez com Adão. Os mortalistas aniquilacionistas creem em recriação e não em ressurreição.A doutrina de recriação é completamente estranha a Bíblia. Na doutrina bíblica da imortalidade da alma é diferente a alma imortal volta ao corpo isso é ressurreição diferente da criação. Para haver ressurreição tem que ser um processo diferente da criação.

    Luiz

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    1. Olá Luiz!

      Desculpa a demora na moderação do comentário, pois não é todo dia que acesso o blog e obrigado por comentar!

      Bom, disseste bem ao dizer que em Gênesis Deus soprou o espírito (fôlego de vida) nas narinas de Adão e este passou a SER alma vivente. Sim, Gênesis relata a criação do homem! Dai você disse:

      No futuro os corpos sem vida igual a Adão recebem o fôlego de vida e isso é exatamente o mesmo processo de criação. Em 1 Tessalonicenses 4, os corpos que ressuscitarão, estarão mortos e receberão o fôlego de vida, tal processo é igualzinho ao que Deus fez com Adão. Os mortalistas aniquilacionistas creem em recriação e não em ressureição.

      Interessante que você diz que os mortalistas creem na recriação e não na ressureição mas cita Tessalonicenses 4 como um processo igualzinho ao que Deus fez com Adão, se referindo, segundo as suas palavras a Tessalonicenses como um processo apenas de Criação, sendo que tal texto é explicito o conceito de ressureição ali, pois ressureição é uma das coisas mais faladas por Yeshua e por Paulo! Percebe a sua incoerência? Além disso, o fato de alguém crer em ressureição dos mortos não impede que se creia em recriação e vice versa e nem impede que recriar possa ser aplicado ao conceito de ressureição na perspectiva do poder divino de gerar vida e NOVA VIDA! Segundo o dicionário Aurélio online, ressureição significa:

      Ato de ressurgir. Vida nova; renovação. Reaparição. Cura extraordinária, inesperada.

      Se ressureição, significa Vida nova também, o que impede de Deus recriar a vida de alguém que morreu na esperança da ressureição?

      ...Como está escrito: "Eu o constituí pai de muitas nações". Ele é nosso pai aos olhos de Deus, em quem creu, o Deus que dá vida aos mortos e chama à existência coisas que não existem, como se existissem. (Romanos 4:17)

      Ora, Deus dá vida aos mortos, sopra o fôlego nas narinas e os fazem acordar e pode perfeitamente chamar a existência um corpo de alguém que não existe mais (pense em um caso onde por algum motivo seu corpo foi cremado por exemplo). Se Deus chama a existência algo que não existe como se existisse, imagina se não poderia chamar as cinzas de alguém e soprar nela o sopro de vida e ainda assim isso é motivo para dizer que tal entendimento nos leva a ser descrentes quanto a ressureição? E o que dizer da visão do profeta Ezequiel no capítulo 37, onde ali no vale de ossos secos Ezequiel profetiza e Deus faz nascer, recria carne, pele, nervos e SOPRA o fôlego, assim como fez com Adão e os faz viverem? O fato de Deus recriar carne, nervos e pele e soprar neles o espírito a semelhança do relato da criação do Homem desqualifica a ressureição?

      Veio sobre mim a mão do SENHOR, e ele me fez sair no Espírito do SENHOR, e me pôs no meio de um vale que estava cheio de ossos. E me fez passar em volta deles; e eis que eram mui numerosos sobre a face do vale, e eis que estavam sequíssimos. E me disse: Filho do homem, porventura viverão estes ossos? E eu disse: Senhor DEUS, tu o sabes. Então me disse: Profetiza sobre estes ossos, e dize-lhes: Ossos secos, ouvi a palavra do Senhor. Assim diz o Senhor DEUS a estes ossos: Eis que farei entrar em vós o espírito, e vivereis. E porei nervos sobre vós e farei crescer carne sobre vós, e sobre vós estenderei pele, e porei em vós o espírito, e vivereis, e sabereis que eu sou o Senhor. Então profetizei como se me deu ordem. E houve um ruído, enquanto eu profetizava; e eis que se fez um rebuliço, e os ossos se achegaram, cada osso ao seu osso.
      (Ezequiel37:1-7)

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    2. Por outro lado, Jesus e os apóstolos jamais trataram da ressureição como um religamento de desencarnados com suas carcaças, isso sim é estranho a bíblia e começa a da margem ao espiritismo! Esse conceito dualista grego e platônico, so se tornou crença entre alguns Judeus no período Helenista, onde se contaminaram com doutrinas e filosofias pagãs, mas nada indica que Jesus e os apóstolos adotaram isso, muito pelo contrário, vemos até Paulo tendo problemas com os gregos que acreditavam em imortalidade da alma por falar de um conceito totalmente estranho a eles: A Ressureição! Acho que você não leu o artigo ou se leu, não prestou a devida atenção ou ainda não consegue ler a bíblia sem as lentes da tradição que nos foi ensinada desde a infância que nos faz criar uma montanha de sofismas e preconceitos. Eu mesmo acreditava na teologia imortalista mas depois de decidir ser imparcial e tentar buscar o contexto original passei a crer exclusivamente na ressureição, creio que eu morrerei completamente e ressurgirei também completamente e não apenas a minha carcaça. E mais uma coisa: não sei se pensou isso, mas não sou Adventista e muito menos Testemunha de Jeová, nunca nem pisei em seus templos!

      Um grande abraço e que o ETERNO te abençoe!

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  2. Quanto a demora não tem problema.

    De fato, tanto Paulo quando Jesus e como todos os cristãos e cristãs criam e creem na ressurreição. A ressurreição conforme você bem citou é o ato de ressurgir mas não é o ato de ser criado de novo. Quando Deus ressuscita alguém Ele não realiza um processo de criação pois ele já criou ou seja Deus não cria o corpo o corpo já existe apenas ressurgiu.
    Veja na visão mortalista o processo, como parece que você concordou são iguais porém biblicamente falando não pode ser , visto que são ações diferentes logo tem que haver um diferencial na estrutura do processo. Na visão mortalista o fôlego de vida entra no corpo tanto na criação quanto na ressurreição então temos ações iguais em coisas diferentes assim não existe o diferencial. Na visão imortalista ai sim temos o diferencial pois na criação os elementos espirituais entram no corpo e aí acontece a criação e na ressurreição o corpo que já existe recebe a alma e o fôlego de vida que já existem repare que não é só o fôlego de vida mas existe a alma imortal que já sendo a essência do ser humano possibilita a diferenciação no processo ou seja na criação a alma é criada mas na ressurreição ele já existe e é isso que define a diferenciação. Resumindo ficaria assim: Na criação Deus cria corpo, fôlego de vida e alma e na ressurreição corpo , alma e fôlego de vida já existem pois já foram criados. Se os três elementos tivessem que ser criados de novo Deus teria que voltar no tempo e aí não nunca haveria ressurreição. Porém você pode argumentar: Mas na visão mortalista Deus cria o fôlego de vida e o corpo e depois ressucita o corpo já existente com o fôlego de vida já existente porém o grande diferencial é a alma imortal que sendo em última análise a essência do ser possibilita a base da preservação no sentido de não permitir uma não existência pois se o corpo existe e o fôlego de vida existe então o ser existe ao passo que na visão mortalista embora o corpo exista e o fôlego de vida exista o ser não existe isso promove um desestruturação e um descompasso no processo da ressurreição e para que os aspectos na ressureição se mantenha já existentes pois se o ser humano é um alma vivente então não teria o elemento espiritual que sustentaria o processo. Tanto isso é verdade que os próprios mortalistas quando ser humano morre admite que passa a não existir ou seja baseiam o entendimento na não existência talvez desconsiderando que os elementos continuam existindo de alguma forma na verdade os mortalistas talvez até concordem que o corpo e o fôlego de vida continuam existindo mas como o pensamento se concentra na não existência vocês provavelmente não percebam isso mas a visão biblica imortalista está ai para isso ou seja para esclarecer vocês.

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  3. Bom continuando

    Como a alma é imortal ela é a base para o entendimento nesse caso. Considerando que quando o fôlego de vida entra no corpo o ser passa a ser um ser vivente isso coloca a existência do ser naquele momento então o mesmo não existia antes isso lembra a criação na visão biblica imortalista a alma imortal sendo o ser preserva a consciência não permitindo assim a idéia de não existência que inviabilizaria a ressurreição.
    Os mortalistas ainda argumentariam que se não há consciência logo não há existência porém tem aspectos diferentes aí pois na criação não havia o ser e depois de criado quando o ser morre o corpo e o fôlego de vida continuam existindo e a consciência está nesses elementos no sentido que a junção dos dois dá a vida ao ser se os dois existem então conservam a potencialidade da consciência neles diferente do aspecto anterior onde ela não estava em nenhum dos dois elementos então temos uma diferenciação.

    Romanos 4:17 fala de Deus tem poder para ressucitar os seres e cria as coisas ou seja duas coisas diferentes perceba a diferenciação não está falando que criação é a mesma coisa que ressurreição longe disso.

    Mesmo na visão mortalista aniquilacionista proporcionalista ou não quando um corpo morre ele não some ou desaparece no mesmo sentido de um suposta aniquilação de juízo definitivo pois na morte os elementos continuam justamente para poderem serem aniquilados só se aniquilaria algo que existe. Então o fato de Deus chamar as cinzas significa que as mesmas existem ou seja estão lá podem estar espalhadas mas existem, não é mais criação é ressurreição veja mais uma vez a diferença. E na visão dos ossos em Ezequiel 37: 1-7 os ossos já existem assim com o fôlego de vida também então repare que todo o raciocínio é sobre aspectos existentes assim com a alma imortal é existente. Cinzas e ossos não forma aniquilados em sentido pleno ou total. Aliás você sabia que ser aniquilado em sentido absoluto é voltar para Deus?

    Se a visão imortalista faz parte de uma tradição tal tradição é a cristã evangélica e acontece que a visão anti bíblica mortalista faz parte de uma outra tradição pois muitos creem nessa doutrina mesmo não sendo Adventistas ou Testemunhas de Jeová e eu bem sei disso, aliás eu nem pensei que você talvez fosse ou Testemunha de Jeová ou Adventista simplesmente porque isso não é o objeto do debate isso é totalmente irrelevante.

    Um abraço e felicidades

    Luiz

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  4. Apesar do seu comentário ser praticamente o mesmo do anterior e eu já ter respondido, vamos lá...

    Não há problema algum em existir semelhança em ambos os processos, pois em Genêsis, na criação do homem, adão é a figura central do ponto de partida na linguagem bíblica, ele não existia e a partir do barro Deus o forma, sopra nele o ruach ( simplesmente fôlego de vida e não um espírito no maior sentido espírita ) e Adão passa a SER alma vivente, ser vivo e não ter uma alma desencarnada e imortal dentro de si. O homem é então a junção desses elementos, então o Homem só existe, vive, se expressa, pensa, trabalha e somente existe como homem biblicamente falando através da junção de tais “ingredientes” e fórmula:

    corpo + fôlego de vida = alma vivente

    E juntamente com isso, Deus deu ao Homem a capacidade de se reproduzir, então somos na visão criacionista, consequência desse ato primeiro de criação e não uma criação direta em cada indivíduo através do barro, logicamente somos frutos da reprodução e o texto de gênesis não diz e nem dar a entender em lugar algum que a partir desse ato de criação teríamos almas imortais dentro de nossos corpos e que por ocasião da morte preservaria forma e consciência do ser que a possuía e infelizmente você está com uma idéia fixa na cabeça: a de que criar não pode ter relação com a ressureição, e então você coloca isso como regra absoluta e passa a entupir o céu com desencarnados. E ao contrário do que você pensa, a alma (no conceito de desencarnação imortalista) não é a base do entendimento. Digamos que a alma seja a base do entendimento e raciocínio, não é curioso como um cérebro que sofreu algum tipo de trauma perde suas faculdades, sofre mais algum tipo de lesão e perde mais faculdades e dai quando é totalmente afetado na morte a pessoa desencarna de forma consciente? Se a base do entendimento é uma alma desencarnada implantada em nós, não deveríamos ter nossas faculdades afetadas, pois estaria em uma base imortal e isso é um absurdo! Além disso, o espírito soprado em nós (ruach=sopro) é o mesmo dos animais e também é o mesmo soprado em homens bons e maus, quer dizer simplesmente a capacidade de Deus tornar um ser inanimado em animado, porém temos sentimentos, emoções e raciocínio mais desenvolvido, pois a nós foi dado o poder de dominar sobre todas as criaturas. Quanto a questão da criação, mais uma vez digo: ressureição é o ato de ressurgir, de ter nova vida e se uma coisa ressurge é porque um dia deixou de existir, e também Deus é o único que possui a imortalidade:
    “Aquele que possui, ele só, a imortalidade, e habita em luz inacessível; a quem nenhum dos homens tem visto nem pode ver; ao qual seja honra e poder para sempre. Amém” (cf. 1Tm.6:16)
    Se eu e você temos almas imortais, segue – se então que Deus não é o único a possuir a imortalidade, todavia, isso não quer dizer que no FUTURO Ele não nos dará a imortalidade. Se ressureição e recriação não pode se relacionar, temos que desprezar o exemplo que dei da visão do profeta Ezequiel, onde o Senhor recria a pele, nervos e carne e sopra neles o espírito e então aqueles seres se tornam vivos novamente pela recriação de seus corpos e pelo mesmo sopro dado a Adão, olha como os relatos são semelhantes, a diferença é que em Ezequiel já existia apenas os ossos, enquanto na criação de Adão não havia, no entanto, em Ezequiel não há menção alguma de almas que já existiam e se religaram aos corpos, mas apenas o sopro do fôlego de vida, o mesminho descrito em Gênesis. A palavra de Deus é simples e temo por aqueles que se perdem em vãs filosofias e conceitos estranhos, estabelecendo regras extremamente engessadas como o seu dilema de recriação, desprezando que além de Deus ressuscitar os mortos, chama a existência aquilo que não existe COMO SE EXISTISSE, quanto mais aquilo que um dia EXISTIU! É perigoso querer colocar em uma forma ou caixinha o poder do ETERNO em dar, criar e fazer ressurgir a vida em nome de um mero joguinho de palavras alicerçados em sofismas.

    Deus te abençoe!

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